domingo, 4 de setembro de 2011

elas


água gelada na mão calejada
de alguma senhora, que bate roupas
num tanque de algum barraco à beira de estrada

suam os vincos de seu rosto,
fendas alinhadas no couro
da pele maturada em vento e sol

não há coisa mais bela, e mais triste
que a senhora que bate roupas,
silente

sentenciada há tempos
a servir, trabalhar
tragando a dor, masculina.

não contam as más(culas) línguas
que a senhorinha enrugada
bate roupa com a força
de milhões de legiões.

força histórica que absolverá as próximas
de todo o pecado inicial,
da condenação original
por ser mulher

e então não haverá, nesse mundo liberto
nenhuma senhorinha carregando
o mundo nas costas.

não haverá mulher alguma
escondida da história.

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