água gelada na mão calejada
de alguma senhora, que bate roupas
num tanque de algum barraco à beira de estrada
suam os vincos de seu rosto,
fendas alinhadas no couro
da pele maturada em vento e sol
não há coisa mais bela, e mais triste
que a senhora que bate roupas,
silente
sentenciada há tempos
a servir, trabalhar
tragando a dor, masculina.
não contam as más(culas) línguas
que a senhorinha enrugada
bate roupa com a força
de milhões de legiões.
força histórica que absolverá as próximas
de todo o pecado inicial,
da condenação original
por ser mulher
e então não haverá, nesse mundo liberto
nenhuma senhorinha carregando
o mundo nas costas.
não haverá mulher alguma
escondida da história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário