Chari tem apenas cinco anos de idade. Vive com a família no vale do Cañón del Colca, num resort turístico ironicamente apelidado de Oásis. Chari e sua família não são privilegiados, tampouco milionários que podem se dar ao luxo de viver em um complexo turístico de tamanha beleza. Chari é quéchua, e sua família trabalha no resort, servindo aos visitantes, transformando seu esforço no prazer alheio.
É provável que Chari siga o mesmo destino de suas primas, e torne-se guia, ou funcionária do Oásis. Tem cinco anos, mas ainda não frequenta a escola; o isolamento é enorme, e andar a esmo pelos desfiladeiros do Cañón del Colca não é tarefa fácil. Apesar disso, Chari não parece se importar com o futuro (assim como qualquer criança de cinco anos de idade). Pede-me que a gire no ar, segurando-a pelos bracinhos, ou que brinque de arremessa-la para cima. Canso-me após cinco ou seis sessões, mas ela insiste. Segura meus dedos com suas mãozinhas, simulando um cadeado, e larga seu corpo no chão, molenga.
Quando finalmente a convenço de que estou muito cansado para continuar, Chari me entrega uma caneta e uma folha rasgada de caderno. Pede-me: “escreva um bilhete para Maribel”. Maribel, explica-me, é sua prima e guia turística do Cañón. Pergunto-a: o que quer que eu escreva? Sussurrando, Chari me diz: “peça que me traga um osso, um osso animal”. Diante de tal singelo pedido, sorrio. Arrancaria um dedo meu para que este desejo fosse realizado.
Já tinha comentado, mas deixo aqui minha admiração por essa em especial.
ResponderExcluirPrincipalmente depois de ver a fotinho dela =)